
CHAMAR JESUS DE " VOCÊ "
SIM OU NÃO?
Você acha correto chamar Jesus, Deus e o Espirito Santo de "você ", seria falta de respeito? ou uma nova forma de intimidade?
Trazemos a você caro leitor dois artigos com posições diferentes sobre o mesmo tema.
Esperamos que reflita e deixe a sua opinião.
NÃO....
(1) A primeira coisa que temos de ter em mente é a forma como a Bíblia nos apresenta os servos de Deus tratando Deus, pois a Bíblia é o nosso padrão de conduta. O que vemos é um temor grandioso e um respeito gigantesco exigido pelo próprio Deus no tratamento para com Ele. Por exemplo, no trato com Moisés, Deus mandou que ele tirasse as sandálias dos pés: “Deus continuou: Não te chegues para cá; tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa” (Êxodo 3:5). Isso mostra a exigência de uma certa formalidade e reverência no tratamento para com Deus.
(2) Também observamos na Bíblia que Deus é tratado nos textos ou como Deus, ou como SENHOR (todas em maiúsculas na versão em português onde aparece o nome de Deus), ou como Senhor (primeira letra em maiúscula, significando “dono”, “mestre”) ou como Pai também em muitos textos, indicando uma forma de tratamento formal que, em minha opinião, traz à mente do ser humano que Deus é Deus e não um igual que podemos tratar da forma que queremos, da forma como tratamos qualquer pessoa do nosso convívio.
(3) Não encontramos em toda a Bíblia, mesmo dos homens que tiveram um relacionamento mais próximo de Deus, qualquer menção mais informal deles no tratamento para com Deus.
(4) Quando chegamos a esse ponto, geralmente alguém levanta o texto de João 15:15: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer”. Aqui é preciso ter cuidado! O foco de Jesus está na profundidade do relacionamento com Seus discípulos (como em uma amizade sincera), mas isso não diminuí quem é Deus e a forma como devemos nos relacionar com Ele. Note que o próprio Jesus trata Deus como “Pai”. Tanto isso é verdade que mesmo os discípulos de Cristo o tratavam como Senhor (Kurios) em grego e não com apelidos e outras formas de tratamento usuais entre humanos.
(5) Tudo isso me leva a não ver com bons olhos essa diminuição na reverência no tratamento com Deus. Quando tratamos a Deus como um igual a nós estamos, (às vezes sem intenção), diminuindo-O em nossa concepção. Com o passar do tempo Deus se torna em nossa concepção como “mais um”. Devemos tratar Deus como a Bíblia nos exemplifica, como temor e tremor, sabendo que Ele nos ama e está perto de nós, mas sabendo também de Sua grandeza, de Seu grandioso poder, enfim, de quem Ele é, da santidade de Seu nome e da reverência necessária no trato para com Ele. Tudo isso nos faz ficar com os pés bem fincados no chão sabendo quem somos e quem é Deus. Devemos, como Moisés, “tirar as sandálias dos pés” e humildemente tratar Deus com toda a honra e reverência devidas!

Postado por Presbítero André Sanchez, em #VocêPergunta
SIM....
Uma das primeiras coisas que aprendi ainda no primeiro semestre do curso de Letras há dez anos foi a etimologia da palavra “você”. Com a massificação da informação pela internet, porém, qualquer pessoa pode verificar que “você” é uma forma contraída do pronome de tratamento respeitoso muito utilizado nos países de língua portuguesa até o século 19, para se referir à figuras nobres e autoridades: “vossa mercê” (que evoluiu para vossemecê, vosmecê, vosse, e, finalmente, você).
A rigor, nem mesmo um príncipe tinha liberdade de dirigir-se publicamente ao rei como “meu pai” ou “papai”, mas, como os súditos do reino, deveria tratá-lo como “Vossa Majestade”, que é o pronome de tratamento para reis ou rainhas. Bem, todos estão de acordo que Jesus Cristo é o Rei dos reis, mas nem por isso vê-se pessoas exigindo que chamemos Jesus de “Vossa Majestade”, “Vossa Alteza” ou coisa do tipo. Dizem que Jonh Hyde, sob cujas orações mais de 100 mil indianos foram levados a Cristo, parecia trazer o céu à terra quando em meio a ofegante oração, ele exclamava apenas assim: “Oh! Pai…”, ou “Jesus!… Jesus!… Jesus!…”.
No mais, o pronome pessoal “tu” também é de modo geral “inadequado” na nossa cultura quando queremos nos dirigir às pessoas mais velhas ou aos nossos superiores (ninguém chama um juiz de “tu”, e há quem reclame se nos dirigirmos às pessoas mais velhas usando este pronome pessoal). Mas é justamente este “tu” o pronome mais usado pelos santos do Senhor para dirigirem-se a Deus em toda Bíblia! E ninguém reprova isso. Confira, por exemplo: Sl 5.4; 16.11; At 1.24; At 4.24,25; Ap 5.9,10.
Portanto, minha conclusão sobre este assunto é: apesar de coloquial (isto é, comum, informal), o pronome de tratamento “você” não é irreverente ou depreciativo, e não deve ser visto como um trato desrespeitoso à Deus, mas de afeto e proximidade. Se alguém quer estar em paz com sua consciência preferindo evitar este uso, que tenha isso consigo em seu coração, mas não queira ter domínio sobre a fé alheia (2Co 1.24), impondo dogmas que a Bíblia não impõe. A preferência pelo uso do “Tu” no português brasileiro, para dirigir-se a Deus, é apenas uma preferência mais conservadora. Só.

em #BiblifiqueSe